quinta-feira, 2 de maio de 2013

Crítica:O som ao redor


Foto:Som ao Redor.Onde a candidata ao novo apartamento procurar captar a atmosfera do lugar a partir do som que ouve da varanda.


Som ao Redor, filme de Kleber Mendonça, vai na contramão das narrativas clássicas, usando o pano de fundo da descrição de uma comunidade no sentido mais amplo da palavra(no caso,uma rua), para falar de relações entre pessoas, comunicação e conflito. Ao descrever o cotidiano de moradores de uma mesma rua,a obra fala sobre silêncios e sons que percebemos no dia a dia,sem interpretá-los corretamente.A câmera funciona aqui como uma lupa,que mergulha na vida dos personagens em seus afazeres domésticos,anseios e problemas diários,como o cachorro do vizinho ou o medo de assalto.Sem entrar em detalhes sobre o histórico dos personagens,deixa que o espectador mergulhe,manipulando som e silêncio no universo de cada um.Prova disso é a sequência em que um casal passeia por um sítio e descobre uma casa abandonada.Ao explorar suas dependências,tenta adivinhar sua história,que é preenchida no filme por sons diversos.Na mesma sequência,os dois entram num cinema antigo,que também tem seu passado trazido à tona pela sugestão de sons de filmes antigos.Em todo o filme o som e o silêncio não são ilustrações,adereços da narrativa.São a própria narrativa e permeiam a vida dos personagens.Além disso,em passagens silenciosas ou barulhentas,fala da dificuldade de encontrar o outro,reconhecê-lo e dialogar com ele no cotidiano urbano atual. É importante destacar a iniciativa experimental,que ultrapassa os rasos limites do cinema nacional "televisivo",de comédias medianas e narrativas simplórias,para se arriscar numa seara ousada,sem rede de proteção,levando o péblico brasileiro que conseguir assistir o filme a uma nova viagem.
Para saber mais:
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-202700/