domingo, 27 de maio de 2012
"- Gravando!"
A luz que não dá, o roteiro que não está pronto, os objetos de cena que não arranjamos e o elenco que não está escolhido. Assim foi o primeiro curta metragem da minha vida.Até o momento em que se diz "gravando” a primeira vez, tudo parece um grande trabalho escolar, com o diferencial que existem muito mais pessoas envolvidas e muito mais elementos que podem dar errado ou simplesmente não funcionar.Fazer um filme é contar uma história que provavelmente não será original com elementos visuais que a façam única para aqueles que vão assistí-la,o público em questão.Para quem entra num cinema ou escolhe um DVD provavelmente a ideia de fazer um filme fica no patamar das mágicas que assistimos vez por outra, onde alguém por trás dos bastidores vai realizar algo incrível em que com certeza iremos acreditar, ou não, mas de qualquer formar nos convidará a viajar com ele.
Do lado de cá da câmera o buraco é mais embaixo: o mágico é você.Pelas suas mãos ou olhar,passará cada detalhe escondido nas linhas de um roteiro e é preciso ser fiel ao máximo à narrativa que se escolheu.Se, de início, o mais difícil era pensar na locação, uma vez lá existem mil fatores a serem observados.Precisamos diminuir a luz para que o ambiente torne-se escuro e assim, melancólico.Precisamos usar lâmpadas na cor certa para dar o tom de tristeza ou emoção que a cena exige. Precisamos registrar a passagem do tempo em cada folha acrescentada à pilha que fica ao lado do personagem-escritor, que trai a mulher e é abandonado por ela.Precisamos ainda encontrar o tom certo para que a história não descambe para um dramalhão ou uma comédia rasgada.Deixemos os risos(sempre nervosos)para as ótimas tiradas do elenco, nos cacos de encenação que renderiam um outro filme, de tão bons.Não estamos no centro da ação, mas a ansiedade é absurda.
Quando o elenco vai chegando vemos entrar um a um os personagens da história que queremos contar. São respectivamente a mulher e a amante do escritor e ele próprio, sentados conosco na sala discutindo a melhor forma de trabalhar. Contar uma história no cinema é amarrar juntas as mãos de todos os participantes da equipe.Estamos todos,ao mesmo tempo, filmando, atuando, dirigindo, cuidando da luz e maquiando os atores. E, além disso, todos os detalhes são de responsabilidade de cada um da equipe. Desde o batom vermelho que marca a história toda até a fresta de luz que fica na área do apartamento de um dos membros do grupo, para provável desespero dos pais dela se soubessem a quantidade de gente que se acotovelou por horas em sua casa. Durante o dia todo nos contorcemos e nos esprememos em pequenos espaços para que ela pudesse reinar absoluta: a câmera. É ela que concentra nossos olhares e quando ela é ligada é preciso que interrompamos conversas e até a respiração para que tudo possa sair direito.
Respirar também é a tarefa da atriz que faz a esposa traída, para encontrar o tom certo de raiva .Uma preparação de elenco é simulada no corredor e ser mantida presa por alguns minutos é o suficiente para que, de um rosto angelical, saia uma torrente de palavrões ditos na cadência tão certa que chegou a arrepiar. Irrompemos em palmas, entusiasmados.Igualmente perfeita é a entrada da amante, interagindo com o ótimo ator no papel do escritor, fumando um cigarro atrás do outro(o ator não fumava e parecia ter anos de tabagismo nas costas). Ao retirar o sobretudo a atriz surpreende seu companheiro de cena e a nós, agindo com tanta naturalidade que não era preciso dirigi-la.As cenas iam se sucedendo e tudo o que queríamos era que durasse para sempre, mas que acabasse logo.Havia a preocupação do calor e da fumaça e o cansaço do dia inteiro de gravações que podia atrapalhar a ação dos atores, a parte mais sensível do processo, uma vez que contribuem com suas emoções, mergulhando nos personagens quase sem tempo para respirar.
No final de tudo, fica um gostinho de quero mais, uma ansiedade quanto ao resultado das imagens e um vinculo enorme com todas aquelas pessoas que passaram o dia entre “corta”, ”gravando” e “valeu”. Valeu mesmo,para todos nós.
quarta-feira, 23 de maio de 2012
Olhares de Walter Salles
Pensar em Walter Salles é pensar na infinita sensibilidade que desconstroi sentidos nas imagens que enquadra em seus filmes.Ontem na aula de teoria da linguagem,assistimos um trecho de Terra Estrangeira,filme do diretor,de 1995,que retrata o exílio em todas as suas definiçoes,enquanto delineia encontros e desencontos numa narrativa densa e coroada por um magistral preto e branco.Na historia,Manuela,a personagem de Laura Cardoso incute no filho o sonho de conhecer sua terra natal em Portugal,com o confisco das poupanças pelo plano Collor,Manuela morre ,o que leva Paco em busca de seu lugar,num exílio permeado de descobertas sobre si mesmo e sobre a realidade que escolheu para viver.Mais do que pensar na história,o depoimento de Walter Salles convida a um mergulho na imagem que deu origem à história,um barco naufragado em plena praia .Todo o universo que se criou a partir de uma pintura visualizada por ele em um singelo passeio às margens do Rio Sena,foram uma sucessao de imagens construidas por sua absurda capacidade de construir sentido e pintar cenários a partir de seu olhar para o mundo.O filme é belíssimo,mas a linguagem de Walter Salles ainda o é mais.
Terra Estrangeira-Trecho
http://www.terra.com.br/cinema/drama/terraest.htm
terça-feira, 22 de maio de 2012
da magia à razão
Sei la,ando tao apaixonada pelos antigos diretores de cinema como Griffith e Rosselini que acabei me afastando um pouco da tecnologia do blog..kkkkkkkkkkkkk...Muita coisa para falar...tive minha primeira aula prática de câmera e foi maravilhoso...É realmente uma espécie de dança que se executa,na medida em que o câmera vai focalizando seu assunto,com o máximo cuidado em não balançar a câmera.Descobri que existem milhares de tipos de cÂmeras,das mais simples que cabem numa mochila,a acoplada a um carro,como uma visao do transformers..rs...Descobri que,em cada sequencia,uma infinidade de fatores determina a precisao e sensibilidade com que uma historia sera contada.É realmente uma industria poderosa,essa de criar universos com imagens e sei que,ao travar contato com as câmeras,me senti infinitamente em casa...rs..
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