Impressões sobre Batman-1
1)Marion Cotillard não colou como vilã.Ela é linda,excelente atriz, mas não me convenceu como fundamentalista..
2)O que é o Alfred?De todos os filmes,foi o que ,na minha humilde opinião,teve mais carga dramática,talvez por conta do roteiro.Linda a cena em que ele se despede de Bruce Wayne...
3)Lendo um texto sobre a construção do roteiro,aprendi sobre uma técnica,que consiste em dar uma certa ênfase a um objeto que será crucial no clímax da trama.É engraçado como ,na hora em que o Gary Oldman pôe o discurso no bolso,pensei:é isso!!!só achei a seqüência longa demais.Uns 2 segundos a menos ficariam mais leves na narrativa
4)Não me convenci com o vilão.Me parecia muito construído e artificial,em comparação com o saudoso Heath Ledger,que era descontrolado e visceral.Penso que o Tommy Lee Jones como two-faces e o Jack Nicholson como Coringa tinham essa pegada,mas Ledger extrapolou o espaço do vilão para se tornar a alma do filme.Minha seqüência preferida é quando ele e Batman estão sozinhos numa sala:
Adoro as falas:
" a moral deles é uma piada ruim.."
"as pessoas são tão boas quanto o mundo permite.."
"eu não sou um monstro,eu só estou na vanguarda...
"matar é fazer uma escolha."
É incrível como o Batman se torna um personagem menor,apenas fornecendo a deixa para que o Coringa brilhe e ele brilha,tresloucadamente,de forma incontrolável..Fico pensando como deve ter sido difícil dirigir Ledger,ou talvez sua preparação tenha sido absurdamente profunda,mas o Coringa que ele constroi tem uma força que transcende o filme.Senti muita falta desse descontrole na última parte da série.
5)As seqüências de ação são sempre muito boas,afinal Hollywood é onde a indústria cultural encontra sua força maior,mas de fato é impossível,em um ambiente feito para desconectar o público do cotidiano e amarrá-lo a uma outra realidade,não pensar no episódio do cinema no Colorado.Ai de quem entrasse com uma mochila no Cinemark.
6)Penso que o uso de primeiro plano nas seqüências entre o Alfred e Bruce foi uma escolha acertada do diretor..A escolha dos tons azulados dentro da Mansão Wayne também foi boa,na modesta opinião desta blogueira
7)Não pude deixar de fazer uma conexão entre a fuga da prisão e o mito da caverna..Mas é claro que até o tapete do Cinemark sabia que Bruce iria conseguir escapar..E os ortopedistas que por eventualidade assistiam o filme devem ter saído da sala,revoltados,quando Bruce simplesmente levantou e andou,apos uma lesão que pretendia ser permanente..coisas do cinema.
8)Gostei da forma como o roteirista(ou o diretor)terminou o filme,pela simples sugestão de uma continuidade na historia.é claro que irei assistir os próximos Batman que vierem,mas reforço minha opinião:sem Ledger,será apenas mais uma boa diversão
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Cinema, pizza e pilantragem
Após 2 merecidos meses de férias, retorno do tempo em que fiquei offline, tendo assistido pouquíssimos filmes devido a estudos paralelos. A vontade era de assistir uns 10 em cartaz, mas infelizmente não deu. Bom, finalmente de volta ao mundo real, ou o que o valha, começo as aulas de roteiro e documentário pela exibição do filme Wilson Simonal “Ninguém sabe o duro que dei”, dirigido por Micael Langer, Calvito Leral e Cláudio Manoel (2009).
É incrível como o início de um filme, seja lá qual for, sempre me causa o mesmo frio na barriga, ante a experiência em perspectiva. O que será que vai acontecer comigo, quais caminhos vou percorrer, quantas estradas vão se abrir na exibição de imagens ali na minha frente?Mesmo já tendo assistido o filme no Festival do Rio, um filme é uma experiência do tempo, sempre outro a cada exibição, porque somos sempre diferentes. E assim foi Simonal para mim naquele momento. Na posição confortável de quem já sabia o que ia se passar, eu pude voltar minha percepção à reação da plateia com a história que efetivamente não conheciam. Das conversas abafadas num ambiente mais informal que no cinema padrão, a epopeia do artista foi tomando conta dos espaços, forçando os silêncios, não é todo dia que se vê um cantor comandar com maestria 30 mil pessoas, num coral tão impossível quanto real.
E assim, sua trajetória sobrepõe-se ao riso, ganha importância, impõe sua presença na história do cara pobre que ganhou o mundo em músicas suingadas e simples, sem falsas ilusões ou promessas. Simonal é o que é, canta porque é seu modo de comunicação fundamental e ele o faz com absurda competência, como se transformado em um potente veículo de comunicação de massa pela grandeza de seus acordes e pela simpatia de seus gestos.
Além disso, a estrutura do documentário foi construída com base em Motion Graphics, a genial tecnologia de mover, manipular e recortar imagens,tornando-as animadas e formando novas composições estéticas,para além da mera exibição de fotos.Os depoimentos coroam o conjunto. São emocionados, viscerais, dolorosos. Quase que como se todos vissem o personagem principal de novo materializado e tentassem reter sua presença, como se sentissem responsáveis por sua morte. No fundo do auditório, aqui na plateia, já se ouve fungar de narizes em alguns cantos. É a história que bate em nossos rostos com o tema de uma grande injustiça. Onde estava a história desse cantor tão grande em sua trajetória, que foi extraída da grande mídia?Que condenação pode ser maior a um artista do que o ostracismo?
O filme não busca condenação para o episódio em que Simonal, por diferenças com seu contador, supostamente mandou dois homens (que seriam do exército) darem uma surra nele. O roteiro inclui inclusive o depoimento do próprio contador, registrando a ocorrência do que foi um caso de tortura, uma vez que ele foi levado aos porões do DOPS e supliciado pela máquina repressora do Estado.
Não é papel da narrativa inocentar Simonal. O principal réu é a mídia, questionada da falta de apuração sobre a suspeita de Simonal ser informante do Dops e o silêncio retumbante que se fez, principalmente entre a classe artística, uma vez que o cantor fora despojado de sua fama e carreira. A mídia enterrou o cadáver, mas o homem ainda estava vivo.
É disso que fala o documentário. Que poder é esse que impede alguém de continuar vivo, sejam quais forem as acusações contra ele?No final, a dor maior é pensar que o conhecimento tardio de sua obra não apaga a lacuna de 20 anos esquecimento, nem cura a mágoa dos amigos e familiares.
O papel do cinema então é o do mensageiro, que vem à luz trazer a notícia de que houve um dia um homem morto em vida pelos caprichos da mídia. É a contra-mediação, a mediação do cinema questionando a midiatização corporativa dos veículos de imprensa dos anos 60 a 90, que calaram por sobre uma injustiça que deviam, por princípio, combater. Culpado,ou inocente, Simonal era um artista e dois grandes.Sua ausência no cenário cultural é um absurdo que a produção do filme e os familiares do cantor tentaram combater.A julgar pela pequena plateia de olhos vermelhos no final da exibição, conseguiram seu intento.Para coroar a noite,fizemos uma rodada de pizzas no pátio da faculdade, afinal não só de ideias vive o homem.Não podia haver modo melhor de recomeçar o semestre.
É incrível como o início de um filme, seja lá qual for, sempre me causa o mesmo frio na barriga, ante a experiência em perspectiva. O que será que vai acontecer comigo, quais caminhos vou percorrer, quantas estradas vão se abrir na exibição de imagens ali na minha frente?Mesmo já tendo assistido o filme no Festival do Rio, um filme é uma experiência do tempo, sempre outro a cada exibição, porque somos sempre diferentes. E assim foi Simonal para mim naquele momento. Na posição confortável de quem já sabia o que ia se passar, eu pude voltar minha percepção à reação da plateia com a história que efetivamente não conheciam. Das conversas abafadas num ambiente mais informal que no cinema padrão, a epopeia do artista foi tomando conta dos espaços, forçando os silêncios, não é todo dia que se vê um cantor comandar com maestria 30 mil pessoas, num coral tão impossível quanto real.
E assim, sua trajetória sobrepõe-se ao riso, ganha importância, impõe sua presença na história do cara pobre que ganhou o mundo em músicas suingadas e simples, sem falsas ilusões ou promessas. Simonal é o que é, canta porque é seu modo de comunicação fundamental e ele o faz com absurda competência, como se transformado em um potente veículo de comunicação de massa pela grandeza de seus acordes e pela simpatia de seus gestos.
Além disso, a estrutura do documentário foi construída com base em Motion Graphics, a genial tecnologia de mover, manipular e recortar imagens,tornando-as animadas e formando novas composições estéticas,para além da mera exibição de fotos.Os depoimentos coroam o conjunto. São emocionados, viscerais, dolorosos. Quase que como se todos vissem o personagem principal de novo materializado e tentassem reter sua presença, como se sentissem responsáveis por sua morte. No fundo do auditório, aqui na plateia, já se ouve fungar de narizes em alguns cantos. É a história que bate em nossos rostos com o tema de uma grande injustiça. Onde estava a história desse cantor tão grande em sua trajetória, que foi extraída da grande mídia?Que condenação pode ser maior a um artista do que o ostracismo?
O filme não busca condenação para o episódio em que Simonal, por diferenças com seu contador, supostamente mandou dois homens (que seriam do exército) darem uma surra nele. O roteiro inclui inclusive o depoimento do próprio contador, registrando a ocorrência do que foi um caso de tortura, uma vez que ele foi levado aos porões do DOPS e supliciado pela máquina repressora do Estado.
Não é papel da narrativa inocentar Simonal. O principal réu é a mídia, questionada da falta de apuração sobre a suspeita de Simonal ser informante do Dops e o silêncio retumbante que se fez, principalmente entre a classe artística, uma vez que o cantor fora despojado de sua fama e carreira. A mídia enterrou o cadáver, mas o homem ainda estava vivo.
É disso que fala o documentário. Que poder é esse que impede alguém de continuar vivo, sejam quais forem as acusações contra ele?No final, a dor maior é pensar que o conhecimento tardio de sua obra não apaga a lacuna de 20 anos esquecimento, nem cura a mágoa dos amigos e familiares.
O papel do cinema então é o do mensageiro, que vem à luz trazer a notícia de que houve um dia um homem morto em vida pelos caprichos da mídia. É a contra-mediação, a mediação do cinema questionando a midiatização corporativa dos veículos de imprensa dos anos 60 a 90, que calaram por sobre uma injustiça que deviam, por princípio, combater. Culpado,ou inocente, Simonal era um artista e dois grandes.Sua ausência no cenário cultural é um absurdo que a produção do filme e os familiares do cantor tentaram combater.A julgar pela pequena plateia de olhos vermelhos no final da exibição, conseguiram seu intento.Para coroar a noite,fizemos uma rodada de pizzas no pátio da faculdade, afinal não só de ideias vive o homem.Não podia haver modo melhor de recomeçar o semestre.
Assinar:
Postagens (Atom)