sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Diário de Bordo - Primeiro dia de aula





Recomeçar é sempre doloroso, principalmente quando se trata de algo que se ama, mas que nunca se teve a coragem de mergulhar. Começar o curso de cinema é como entrar numa montanha russa no escuro, sentindo o frio na barriga de encarar o desconhecido, sem saber o que vai acontecer no minuto seguinte. Entrando na faculdade no primeiro dia tive a sensação de pânico peculiar aos grandes começos. Pois bem,vá lá que seja,respirei e procurei pela sala de aula.Ninguém.Aluninhos espalhados pelo corredor me davam uma sensação bizarra de"o que estou fazendo aqui?"Uns bons minutos de espera depois a coordenadora chega e,simpática,começa a falar sobre o curso para os pouquíssimos alunos ali reunidos.Percebi que comunicação é um curso muitíssimo afim com cinema e que muita gente empreende o caminho que estava me assustando tanto.Mas ainda não dá pra tirar conclusões com base em tão baixo quórum,então vamos aguardar os novos alunos,isso só na semana que vem quando o ano novo carioca finalmente começa.De qualquer forma já deu pra sentir o gostinho,porque a segunda aula foi de produção e a simpaticíssima professora já começou a pôr nossas cabeças pra trabalhar,pensando na quantidade de coisas que envolvem uma imagem de filme dividida em 24 ou 30 quadros por segundo.São dezenas de pessoas reunidas com um só objetivo:emocionar.Segundo ela,diferente de demais áreas,o cinema é um grande coletivo de pessoas com ideias e personalidades diferentes que se unem em prol de um só objetivo.Deve ser absurdamente difícil de realizar,ainda mais se somarmos o tanto de ego que sempre existe em todas as artes e a dificuldade abissal de convivência entre seres humanos que se propõem a trabalhar juntos.Isso posto,falamos sobre o porquê de estarmos ali e fica evidente,mesmo num grupo tão pequeno,a paixão que une cada um de nós.Cinema,para Francis Ford Coppola,foi feito para impactar e o que pude perceber é que estávamos todos irremediavelmente tocados pela magia da sala escura e todas as histórias de filmes que estão gravadas na nossas retinas.Sempre tive como prazer maior a possibilidade de arrancar lágrimas e risos de quem quer que se arriscasse a ver alguns dos meus vídeos tosquinhos,feitos na base do Movie maker. Não se trata somente de captar o sentido,mas penetrar no reino da imagem e se deixar levar por ela,se tornar vulnerável à emoção e ao som de uma boa narrativa.Penso que me preparei para isso toda a vida,desde as histórias contadas pelos meus pais ,ou mesmo nas canções cantadas pelas minhas tias-avós na hora de dormir(tantas histórias que renderiam outro post.rsrs).Todas as experiências fazem parte da narradora que eu sempre quis ser,embora mantivesse a porta da imaginação quase sempre fechada.Não que o jornalismo não permita a criação,mas é sempre necessário manter um pé na realidade para não viajar demais.Agora,recém chegada no curso de arte(a sétima para ser mais exata),palavra essa impressa de forma belíssima em vitral na entrada da faculdade,chegou a hora de soltar as amarras e voar,sem para quedas,infinitamente pra variar.

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