terça-feira, 6 de março de 2012

Cinema:entre a magia e o mercado

Nos dias de hoje, o ato de ir ao cinema pode implicar algo mais do que um simples programa despretensioso. Antes de tudo,demanda acesso a salas de cinema, privilégio existente em apenas 7% do território nacional (fonte: Ancine), localizadas marcadamente em grandes capitais e municípios com mais de 50 mil habitantes.Além disso,é necessário planejamento financeiro para uma parcela relativamente grande da população brasileira, para quem o ingresso médio de uma sessão custa por volta de R$10,00(Fonte:Site www.cinemadobrasil.org.br. 2010). Pode parecer pouco aos moradores das regiões sul e sudeste,cuja renda per capita gira em torno de RS900,00(PNAD 2009),mas se a observação recai sobre as regiões norte e nordeste o valor cai para a metade,apenas R$400,00(IBGE) o que torna o cinema um programa difícil,raro e caro. E num país onde os cinemas de rua entraram em gritante extinção (salvo os casos raros de empresas que resgatam símbolos da era dourada dos cinemas de rua como o ODEON BR,no Rio de Janeiro),substituídos por igrejas,lojas ou fechados definitivamente,a pequena parcela que pode assistir aos filmes o faz em shoppings,em salas de grandes complexos com evidente qualidade técnica e conforto,mas valor de ingresso compatível com os benefícios.
Do outro lado da tela os problemas não são menores.A produção, distribuição de filmes no país,apesar da grande retomada na década de 90 ainda é complicada,uma vez que,para começar as 20 maiores bilheterias dos pais são distribuídas por cerca de 10 empresas (fonte:Ancine.2010),multinacionais e com foco nas regiões mais ricas do país,concentrando os filmes entre sul e sudeste. A boa noticia é que a produção anda boa,obrigada.Do início de 2002 até 2011 o numero de ingressos pulou de 90.865 para 143.886(fonte:Ancine.2011) e as bilheterias bateram recorde com quase 18 milhões de ingressos (fonte:Ancine).Além disso,a fatia de mercado de filmes nacionais chegou a 20% do mercado,passando de 8% para 12%.Parte dessa informação pode ser explicada pela quantidade de lançamentos brasileiros (99,segundo estudo da Ancine) em comparação com 240 de estrangeiros.A outra razão se deve a um fator relevante na escolha do público:a publicidade.Uma rápida olhada na lista de maiores bilheterias de filmes nacionais depara-se com uma ampla divulgação de mídia , associada à produção,que escolhe rostos conhecidos do publico na televisão (a mídia ainda de maior alcance no país) como forma de garantir o retorno do investimento.Ou seja,o público de cinema no país ainda sai de casa para assistir a filmes, quando o faz, atrás de diversão garantida e mais do mesmo.Assim, sobra a festivais país afora a tarefa de fazer chegar a algumas capitais obras que de outro modo não se tornariam conhecidas.Em contrapartida o governo brasileiro firmou uma série de acordos de co-produção internacional com países latino-americanos e europeus que estimulam na criação de filmes e estreitam os laços entre os países.
O fato é que a magia do cinema nunca esteve tão presente, seja no formato película das novelas de emissoras de TV e a elevada qualidade de shows exibidos online (caso do show de Paul McCartney ,exibido pelo site terra) .A boa noticia é que a nova tecnologia vem trazendo no que diz respeito à criação e distribuição, a possibilidade de fazer chegar ate o público,obras audiovisuais de artistas pouco conhecidos,divulgando através da rede clipes de musicas,programas de variedades e ate mesmo filmes amadores cada vez com maior qualidade.
Prova disso é a música do grupo ”banda mais bonita da cidade”, Oração,que, em 3 dias foi acessado por 2 milhões de pessoas,para surpresa da própria banda.Por outro lado a evolução das câmeras digitais torna possível ao sujeito comum a possibilidade de participar de festivais de curta metragem e produzir e enviar seus filmes sem sair de sua casa,tudo isso via internet.Se por um lado,os gigantes da película concentram em poucas e privilegiadas salas de exibição obras de mercado,por outro,a produção independente e internáutica inicia,ainda que timidamente, um processo mais democrático de fazer,consumir e distribuir cinema.

Fonte:
www.cinemadobrasil.org.br/pt/mercado/o-brasil/
http://oca.ancine.gov.br/estudos.htm
http://www.culturaemercado.com.br/mercado/mercado-de-cinema-bate-recordes-no-brasil-em-julho/

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